É com extrema indignação que recebemos a notícia das intenções declaradas pelo presidente empossado, Jair Bolsonaro, de acabar com a Justiça do Trabalho.
Tal medida, na esteira da precarização do trabalho promovida pela reforma trabalhista e pela lei das terceirizações, visará tão-somente enfraquecer de forma profunda e irreversível o poder de defesa dos trabalhadores em suas especificidades jurídicas, sob alegações falsas de uma suposta inexistência da Justiça do Trabalho em nível mundial e de sua morosidade no Brasil por excesso de demandas.
Ao contrário da falácia proferida por Bolsonaro, tribunais especializados em processos trabalhistas existem em diversos e importantes países, tais como França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Nova Zelândia, Argentina, México, Chile, entre outros, assegurando ao trabalhador o amplo e irrestrito direito de demandar suas causas em foros específicos.
Ademais, a justiça comum, já sensivelmente afogada em demandas as mais diversas, verá ampliar drasticamente suas fileiras de processos sem, contudo, contar com a consolidada estrutura especializada da justiça laboral, restringindo sobremaneira, por esta via, o pleno direito à reparação de danos e à dignidade do trabalhador.
O Sindicato dos Médicos do Grande ABC repudia de forma veemente tais intenções do atual Governo, pela iminência de um retrocesso jurídico, ético e civilizatório contra o direito dos médicos e dos demais trabalhadores e não medirá esforços, dentro de suas possiblidades de ação e em conjunto com as outras entidades médicas, para lutar pela permanência e aprimoramento de uma Justiça do Trabalho forte, isonômica e acessível à classe trabalhadora do Brasil.
José Roberto Cardoso Murisset
Presidente do SINDMED
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